Desde o surgimento do ChatGPT como plataforma de diálogo inteligente, abriu-se uma nova frente para marketing. Imagine que, em vez de o usuário sair do chat para buscar um produto ou serviço, a própria IA já sugira uma opção e que essa sugestão possa ser patrocinada. Essa é a aposta que muitos observadores já fazem: anúncios dentro do ChatGPT são praticamente inevitáveis, e já há sinais de que a OpenAI está construindo as fundações para esse modelo. ChatGPT com anúncios será o futuro das recomendações patrocinadas via IA.
O que já sabemos (verdades até aqui)
- Teste de recomendações patrocinadas em estágio inicial
Há indícios de que a OpenAI já teria começado a testar recomendações patrocinadas dentro das respostas do ChatGPT; - Contratações indicam investimento em infraestrutura de anúncios
A empresa está montando a espinha dorsal técnica para operar anúncios internamente; - Monetização do usuário gratuito como meta futura
Alguns relatórios indicam que a OpenAI planeja monetizar usuários gratuitos via anúncios até 2026, para captar receita extra além das assinaturas; - Shopping embutido já é funcional, mas sem patrocínio declarado
Em abril de 2025, a OpenAI lançou recursos de “shopping” no ChatGPT: quando um usuário pede sugestões de produto, a IA exibe imagens, avaliações e links para compra. Até o momento, são não patrocinadas (a OpenAI afirma que não ganha comissão nem insere anúncios pagos nesses resultados). Essa funcionalidade é importante porque mostra que o sistema já está lidando com a lógica de produtos, preços e metadados estruturados, um passo necessário antes de introduzir patrocínios; - OpenAI caminha com cautela pública em relação a anúncios
Embora o CEO Sam Altman tenha historicamente criticado o uso de anúncios (por risco de enviesamento ou perda de credibilidade), a postura parece estar suavizando. Altman já disse que não descarta anúncios desde que sejam “pensados e de bom gosto”; - Impacto orgânico de tráfego já visível
A OpenAI já gera impacto significativo no tráfego de e-commerce: estima-se que o ChatGPT impulsionou cerca de 21% dos acessos da Walmart em certo período, além de 20% para Etsy, 15% para Target e 10% para eBay. Esse tipo de resultado mostra que as recomendações orgânicas de IA já exercem poder de redirecionamento, o que intensifica o apelo para monetizar esse canal.
O que ainda é especulação, mas plausível
- Os testes patrocinados atuais provavelmente ocorrem de forma restrita, em mercados piloto ou com parceiros selecionados (por exemplo, grandes varejistas ou serviços com forte estrutura de dados). Não há evidência pública de que um sistema de “ChatGPT Ads” completo esteja em operação para todos os usuários;
- A forma exata que os anúncios tomarão: se “resposta patrocinada”, links embutidos ou sessões temáticas, ainda não se sabe. Cada formato traz desafios técnicos e de ética;
- Será quase certo que anúncios devem ser claramente rotulados (ex: “patrocinado”) para manter transparência e confiabilidade. A confiança do usuário é um ativo delicado para uma ferramenta de recomendação;
- A precificação (CPC, CPM, custo por ação) ainda precisa ser desenhada. Também será necessário garantir que anunciantes não consigam “influenciar” respostas mais do que o justo;
- Políticas de dados e privacidade terão papel central: segmentação precisa de dados de perfil ou histórico, mas até que ponto isso será permitido ou aceito pelos usuários?
O que já podemos afirmar com segurança
- A OpenAI já está investindo em tecnologia de publicidade: contratar engenheiros especializados e criar infraestrutura de marketing interno não é algo feito por acaso;
- Recomendações de produtos já são parte do ChatGPT, mesmo que, por enquanto, não patrocinadas;
- O modelo de monetização via anúncios é um caminho lógico, e provável, mesmo que ainda em fase experimental ou piloto;
- Marcas que se anteciparem terão vantagem: quem entender como posicionar dados, produtos e reputação para aparecer bem nas sugestões da IA estará mais bem posicionado quando o sistema estiver maduro;
- A interface entre credibilidade, transparência e monetização será decisiva: anúncios mal implementados poderão minar a confiança dos usuários.
De forma resumida, embora ainda em estágio inicial, os testes com recomendações patrocinadas indicam um movimento que pode alterar profundamente o marketing digital, aproximando a publicidade de um formato mais contextual, conversacional e inteligente. Nesse novo cenário, o desafio não será apenas aparecer, mas aparecer com relevância, transparência e valor real para o usuário.
Para as marcas, o momento é de preparação: estruturar dados, fortalecer reputação, investir em conteúdo útil e entender como se posicionar dentro de um ecossistema de IA que valoriza precisão e confiança. Já para o mercado, abre-se uma discussão essencial sobre ética, privacidade e limites entre informação e influência.
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