Centralizar ou modularizar? O dilema das CDPs na era da experiência Jackeline Cavalcante maio 16, 2025

Centralizar ou modularizar? O dilema das CDPs na era da experiência

A transformação digital e a urgência por experiências personalizadas e em tempo real colocaram as Customer Data Platforms (CDPs) no centro da estratégia de marketing. Mas antes de optar por um caminho, vale refletir: é mais interessante uma solução integrada ou a liberdade de compor conforme a necessidade? Assumir um custo alto com promessa de entregas robustas ou testar opções mais ágeis e econômicas? 

Esse dilema, cada vez mais presente nas empresas, envolve mais do que tecnologia: fala sobre estratégia, cultura e gestão. E aqui começa a encruzilhada — adotar um ecossistema integrado ou apostar em soluções modulares, abertas e mais flexíveis? Continue a leitura deste conteúdo para descobrir. 

Centralizar ou modularizar? Entenda este dilema das CDPs  

Outro fator fundamental nesse debate é o legado tecnológico. Muitas empresas já adotaram soluções como o Salesforce Marketing Cloud ou outras ferramentas pontuais desses grandes ecossistemas. Isso levanta uma nova série de perguntas estratégicas: 

  • Descontinuar tudo ou integrar novas peças? 
  • O que pode ser reaproveitado? 
  • Vale a pena sair do lock-in se já há investimentos em curso? 

Em muitos casos, o caminho mais sensato é um modelo híbrido. Ou seja, manter parte da estrutura atual, mas ampliá-la com componentes mais abertos, escaláveis e integráveis. Plataformas como Tealium, RudderStack ou Segment podem coexistir com Salesforce, enriquecendo a rede com coleta de dados real-time, governança independente e ativações inteligentes. 

Para muitas empresas, especialmente as que lidam com grandes operações, múltiplos canais e desafios de integração global, o desejo é claro: adotar a solução mais robusta e comprovada do mercado, mesmo que isso signifique maior complexidade, custo e esforço de implementação. É aqui que entram os grandes ecossistemas como o da Salesforce. 

Quais as principais opções de CDP modulares do mercado? 

A Salesforce tem dominado o cenário de plataforma de dados do cliente com uma proposta robusta de unificação de dados, automação de marketing, CRM e ativação omnichannel. Porém, para funcionar ela exige que todo o conjunto de ferramentas (CRM, Marketing Cloud, Service Cloud, etc.) seja dela própria. O que gera dependência, alto custo e baixa flexibilidade.   

Enquanto isso, nos últimos anos diversas plataformas de CDP surgiram como alternativas mais modulares e unificadas para empresas que priorizam agilidade, custo-benefício e controle sobre seus dados. Opções como RudderStack, Segment, Tealium, mParticle e stacks open source como GCP e BigQuery oferecem liberdade para construir soluções mais adaptáveis às reais necessidades do negócio. Confira: 

  • RudderStack: Foco em desenvolvedores, integração com Data Lakes e pipelines abertos. 
  • Segment (Twilio): Popular por sua capacidade de coleta e distribuição de dados com baixo tempo de implementação. 
  • Tealium: Forte em governança, consentimento e segmentação omnichannel. 
  • mParticle: Especialista em dados mobile-first. 
  • Open Source + GCP: Arquiteturas híbridas com dbt, BigQuery, Airbyte e outros têm se tornado cada vez mais viáveis. 

Qual o papel da IA na plataforma de dados do cliente? 

Se dados são o novo petróleo, a inteligência artificial é a refinaria. Mas não basta tê-la — é preciso saber onde e como conectá-la. IA já não é mais um diferencial técnico. Ela está moldando a forma como dados são interpretados, enriquecidos e ativados.  

Da personalização de campanhas em tempo real à previsão de churn e comportamento, a IA se tornou o motor invisível das estratégias de marketing e vendas. Assim, forma-se um novo dilema: plataformas como Salesforce e Adobe oferecem modelos de IA nativos, porém restritos à sua stack.  

Já soluções modulares permitem integrar modelos próprios, APIs abertas, conectores com o Google Vertex AI, Amazon SageMaker, ou qualquer framework de ML — mas exigem maior maturidade técnica. 

A arquitetura que permite IA não como um add-on, mas como parte do core tende a gerar maior valor, e isso exige interoperabilidade, governança de dados em tempo real e liberdade para experimentar. Em outras palavras, a IA não decide por você, mas acelera o caminho — se você tiver os dados certos, na arquitetura certa. 

O que são as plataformas de ativação que se intitulam como CDPs? 

Soluções como Insider, Resulticks e outras ferramentas focadas originalmente em orquestração de campanhas com e-mails, push, SMS e personalização web, passaram a se posicionar como CDPs ao incluir funcionalidades de unificação de ID e segmentação de comportamento. 

Na prática, elas atendem casos de uso mais voltados para ativação e comunicação, mas não substituem uma estrutura completa de CDP com persistência histórica, e capacidade de integração aberta. 

Essas plataformas podem ser uma escolha viável para empresas médias ou em estágio inicial de maturidade digital. Porém, organizações com operações complexas e múltiplos canais devem considerar soluções mais completas ou modulares. Aqui, o que deve ser levado em conta é a necessidade de um sistema de entrega ou a fundação de dados para toda a operação. 

Como saber qual o tipo de CDP para sua empresa? 

Embora cada organização tenha um contexto único, cultura própria e histórico de investimento tecnológico, algumas tendências podem servir como ponto de partida. Por isso, confira a tabela que preparamos para ver qual solução de CDP melhor se adapta ao estágio de maturidade do seu negócio: 

Porte / Maturidade  Perfil Comum  Abordagem Recomendada  Exemplos De Soluções 
Pequena Empresa / Early  Time enxuto, foco em ROI rápido, dados ainda desorganizados  Plataformas de ativação com CDP leve embutido  Insider, RD Station, Klaviyo, Mailchimp, Resulticks 
Empresa Média / Escalando  Já coleta dados, mas sem governança clara. Precisa de unificação rápida  CDP modular plugado a sistemas existentes  Segment, Tealium, mParticle 
Grande Empresa / Avançada  Múltiplos canais, legados, times de dados e marketing atuando em paralelo  Stack híbrido ou composable, com foco em governança  Salesforce, Adobe, GCP + RudderStack, Tealium + BigQuery 
Nativas digitais / Tech  Time técnico interno, cultura data-driven, foco em IA e automação contínua  Solução modular open source, arquitetura componível  dbt, Snowplow, Airbyte, RudderStack, ferramentas internas 

 

Lembrando que essa categorização serve como ponto de partida, mas não substitui uma análise profunda das prioridades, recursos e visão estratégica de cada empresa para esta decisão. 

Casos reais com uso de CDP e estratégias modulares 

Spotify  

O Spotify construiu sua própria stack modular com foco em dados próprios e machine learning. Utiliza soluções internas integradas a tecnologias de nuvem como GCP e ferramentas open source, fugindo de plataformas “fechadas”, permitindo experiências personalizadas em escala global.
﷟HYPERLINK “https://engineering.atspotify.com/” 

Airbnb 

O Airbnb optou por uma arquitetura baseada em componentes modulares utilizando ferramentas como Segment para gestão de eventos, dbt para transformação de dados e Redshift como base de dados. Essa flexibilidade permitiu experimentação contínua e decisões orientadas por dados em tempo real.  

Fast Shop Brasil 

Já a Fast Shop implementou um projeto de centralização de dados com governança, unificação de perfis e ativação omnichannel. A empresa adotou a Tealium AudienceStream como plataforma de CDP e conectores personalizados para marketing e CRM, garantindo flexibilidade, controle e evitando o lock-in de grandes suites proprietárias.  

Como escolher a CDP para o seu negócio? 

O impacto financeiro de um software não está apenas no custo de licenciamento, ele se reflete em tempo de implementação, dependência de especialistas, capacidade de evolução futura e escalabilidade do modelo. Sendo assim, CDPs robustas costumam trazer custos altos logo no início, enquanto alternativas modulares podem exigir menos investimento inicial, e mais esforço técnico para orquestração no longo prazo.  

Segundo a Gartner, líder em pesquisa e consultoria com foco em tecnologia da informação e negócios, plataformas como Salesforce, Adobe e Oracle são líderes em execução dentro de seus próprios ecossistemas. Já Segment (Twilio) e Tealium ganham destaque como soluções visionárias, especialmente em projetos que exigem modularidade, flexibilidade e governança de dados, ainda que não sejam classificadas como líderes.  

O relatório reforça que a escolha não deve ser apenas pela solução “mais completa”, mas sim pela “mais aderente” à necessidade e maturidade de cada empresa. Abaixo, você confere uma tabela comparativa com os principais critérios para ajudar em sua decisão. 

 

Critério  Salesforce & Plataformas Fechadas  Alternativas Modulares (RudderStack, Segment, etc.) 
Ecossistema  Integrado e fechado  Aberto e interoperável 
Custo total de propriedade (TCO)  Alto (licença + serviços + tempo de adoção)  Variável (infra + serviços técnicos) 
Time to Value  Médio a longo prazo  Rápido, com MVP funcional em semanas 
Flexibilidade técnica  Baixa fora da stack própria  Alta – integração com qualquer sistema via API 
Dependência de fornecedores  Alta  Baixa (uso de padrões abertos e times internos) 
Capacidade de inovação  Limitada ao roadmap do fornecedor  Alta – plugável com IA, modelos próprios, ferramentas externas 
Governança e Compliance  Alta, mas com menos controle direto  Alta se bem orquestrado (GCP, AWS, controle de acessos etc.) 
Escalabilidade e experimentação  Limitada à arquitetura do fornecedor  Alta – ideal para testes A/B, micro-serviços, modularização 

Centralizar ou modularizar: Existe um caminho correto? 

Talvez a grande verdade por trás desse debate seja: não há um único caminho certo. Existe o caminho para cada empresa, e esse caminho depende do contexto, das restrições, dos objetivos e da cultura organizacional. A escolha entre centralizar ou modularizar não é binária, mas sim estratégica. 

É justamente isso que torna essa discussão tão provocativa — porque ela força líderes a refletirem sobre o equilíbrio entre eficiência, autonomia, custo, tempo e inovação. Em vez de buscar uma fórmula mágica, talvez o desafio esteja em orquestrar bem as peças que já existem, mesclando robustez com flexibilidade, estabilidade com adaptação. 

O papel dos grandes players no mercado de CDPs 

Gigantes da nuvem como Google, AWS e Microsoft têm dados, cloud e poder computacional não disputam diretamente o mercado de CDPs. Por que isso? A resposta pode estar na estratégia: ao optarem por oferecer infraestrutura, conectores, processamento e IA, isso os deixa como habilitadores do ecossistema, ganhando com o fluxo de dados, não com o seu aprisionamento. 

No entanto, fica a provocação: com o fim dos cookies, a ascensão do 1st party data e o domínio sobre mídia, não faria sentido o Google lançar sua própria CDP nativa? Talvez essa seja a jogada que ninguém está vendo — ou que ninguém quer que se veja. 

Qual a melhor escolha para sua empresa? 

Em tempos onde a pressão por performance coexiste com a urgência por inovação, a escolha entre centralizar ou modularizar não deveria ser sobre lados opostos — e sim sobre qual modelo melhor traduz sua estratégia de negócio. 

Não se trata apenas de tecnologia. Trata-se de visão, timing e capacidade de adaptação. A empresa que escolhe compor sua stack com inteligência, conectando legados com inovação e equilibrando robustez com agilidade, não escolhe um modelo — ela cria o seu. E talvez, no final das contas, essa seja a única escolha verdadeiramente certa. 

Centralizar ou modularizar? A nova lógica do mercado 

Cada vez mais, empresas estão optando por “compor” seu portfólio de soluções com base em necessidade real, performance e cooperatividade. A era do “vendor lock-in” (dependência de um único fornecedor) dá lugar à era do “best of breed” (ferramentas especializadas em áreas específicas), onde cada peça é escolhida com base em valor, e não só em compatibilidade. 

A escolha entre centralizar ou modularizar vai além de aspectos técnicos — envolve estratégia, cultura organizacional e alinhamento entre áreas como marketing, TI e dados. É nesse ponto que muitas iniciativas fracassam: isso ocorre quando não há um propósito claro ou quando a tecnologia não serve ao modelo de negócio, o que exige maturidade digital e capacidade de orquestração. 

A decisão ideal considera a cultura de dados da empresa e a habilidade de integrar múltiplas soluções. A tecnologia só gera valor quando alinhada aos objetivos de negócio, tornando a adaptabilidade, a gestão de dados e o desempenho indispensáveis em um cenário cada vez mais dinâmico. 

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Referência em Data Intelligence no Brasil, a aunica é parceira de grandes líderes no mercado de CDP como Tealium, Adobe, Resulticks, Insider, Amplitude e Lytics. Combinando inovação e expertise, ajudamos empresas a potencializar suas vendas através de soluções criativas e integrações com as maiores plataformas de dados do mercado. 

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