IA na saúde: o avanço que pode salvar ou colocar vidas em risco Alexandre Azevedo outubro 21, 2025

IA na saúde: o avanço que pode salvar ou colocar vidas em risco

IA-na-saúde

A IA na saúde está revolucionando a medicina moderna. Ela ajuda médicos a diagnosticar doenças, prever riscos, personalizar tratamentos e até desenvolver novos medicamentos. Mas, por trás dessa revolução, cresce um debate urgente: até que ponto a inteligência artificial na saúde pode ser usada com segurança quando o que está em jogo é a vida humana? IA na saúde: o avanço que pode salvar ou colocar vidas em risco.

Recentemente, uma reportagem da MIT Technology Review Brasil trouxe um alerta preocupante. Segundo pesquisadores da Microsoft, sistemas de IA generativa, os mesmos que criam textos, imagens e códigos, já são capazes de redesenhar proteínas e compostos biológicos que podem escapar de filtros de segurança usados em laboratórios. Em outras palavras, o uso da IA na saúde e na biotecnologia pode criar novas ameaças biológicas.
Leia o artigo original

Essa descoberta acende uma luz vermelha sobre o que os cientistas chamam de “risco de uso duplo”. A mesma tecnologia capaz de curar também pode causar danos.

O lado positivo da IA na saúde

IA na saúde o avanço que pode salvar ou colocar vidas em risco

Antes de falar dos riscos, vale lembrar o quanto a IA na medicina já faz pelo bem. Ela é capaz de analisar milhares de exames em poucos segundos, identificar tumores invisíveis ao olho humano, prever surtos de doenças e sugerir tratamentos personalizados com base no DNA de cada pessoa.

Na prática, isso significa diagnósticos mais rápidos, tratamentos mais precisos e custos menores. Essa eficiência é valiosa para sistemas de saúde públicos e privados que enfrentam sobrecarga e falta de profissionais. No entanto, quanto mais a IA na saúde se torna indispensável, mais vulnerável também pode se tornar.

Os principais riscos da IA na saúde

Quando a IA erra
Os algoritmos são tão bons quanto os dados que recebem. Se forem treinados com informações incompletas ou enviesadas, podem errar e comprometer diagnósticos. Há casos de sistemas que funcionam bem em países desenvolvidos, mas falham em populações com etnias, hábitos e condições de saúde diferentes. Um erro médico humano é grave, mas um erro automatizado pode afetar milhares de pessoas simultaneamente.

Ameaças à privacidade
Para funcionar, a IA na saúde precisa de grandes volumes de dados, como exames, prontuários, histórico familiar e hábitos cotidianos. O problema é que nem sempre esses dados estão protegidos. Vazamentos de informações médicas podem causar constrangimentos, discriminação e até prejuízos financeiros. A segurança da informação é um dos maiores desafios do uso da inteligência artificial na saúde.

Perda do controle humano
Com o avanço das ferramentas de IA, existe o perigo de que médicos e hospitais confiem demais nas máquinas. Estudos mostram que o uso constante de sistemas automatizados pode reduzir a capacidade de diagnóstico dos profissionais, que passam a depender das respostas do algoritmo. A medicina é ciência, mas também é empatia, escuta e experiência, e esses elementos ainda não podem ser substituídos por inteligência artificial.

O uso duplo da tecnologia
O caso revelado pela Microsoft ilustra um ponto sensível. Se a IA pode desenhar proteínas que ajudam na cura de doenças, também pode gerar versões perigosas. O problema não está na tecnologia em si, mas no uso que se faz dela. Sem controle, a IA na biotecnologia pode se transformar de ferramenta de cura em instrumento de risco.

A regulação da IA na saúde no Brasil

O Brasil ainda está dando os primeiros passos na regulação do uso de IA na saúde. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece diretrizes para proteger informações pessoais, mas o uso clínico da IA ainda carece de normas específicas, especialmente sobre quem é responsável quando um sistema erra.
A Anvisa e o Conselho Federal de Medicina começam a discutir certificações e validações para algoritmos médicos, mas a tecnologia avança mais rápido do que as leis conseguem acompanhar.

Como garantir o uso responsável da IA na saúde

Não se trata de frear o avanço da tecnologia, mas de garantir que ela avance com responsabilidade. É preciso criar regras claras para o uso ético da IA na saúde, investir em segurança de dados, testar os algoritmos com diferentes perfis de pacientes e, acima de tudo, manter o ser humano no centro das decisões. A IA deve ser uma aliada, não uma substituta do olhar clínico e da empatia dos profissionais de saúde.

A inteligência artificial na saúde tem o poder de transformar a medicina e salvar milhões de vidas. Mas, como toda tecnologia poderosa, precisa ser usada com consciência, ética e transparência. Só assim será possível colher seus benefícios sem colocar em risco aquilo que temos de mais valioso: a vida.

 

Leia também: